A partir de novembro, quando Antônio Cláudio da Nóbrega assumir o cargo de reitor da Universidade Federal Fluminense, a UFF será a primeira universidade federal do Brasil a ter um reitor tetraplégico. Atualmente vice-reitor da instituição, o médico de 53 anos já iniciou o trabalho de mapeamento das dificuldades internas da universidade, localizada em Niterói. Seu mandato, ele explica, terá foco em inclusão e acessibilidade:
— A inclusão como valor institucional se traduz em ações concretas. No último concurso público, por exemplo, tivemos uma equipe formada por nove intérpretes de Libras. É dever do serviço público proporcionar a inclusão e é uma honra poder estar à frente de uma instituição que permite esses avanços.
O futuro reitor teve os movimentos paralisados do pescoço para baixo após sobreviver a um assalto, em 1999, que terminou com 11 tiros, um dos quais o acertou na medula. Quase 20 anos depois, ele lamenta as barreiras que ainda enfrenta no dia a dia:
— Nossa sociedade ainda possui muitos impedimentos que dificultam a mobilidade de quem tem deficiência. Durante o meu período na reitoria, pretendo trabalhar com o conceito de acesso universal, pois é uma questão que afeta a todos, independentemente se a pessoa é ou não deficiente físico.
A UFF foi uma das primeiras universidades do país a implementar cotas para estudantes com deficiência por meio da Divisão de Acessibilidade e Inclusão (Sensibiliza UFF). Hoje, a instituição conta com 159 alunos com algum tipo de déficit motor ou intelectual.
— Queremos ganhar visibilidade quanto à nossa transparência e ao aperfeiçoamento dos mecanismos de gestão, bem como sermos reconhecidos como uma universidade destacadamente inclusiva e plural – explica Nóbrega.
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