Conheça as histórias de sucesso de profissionais com deficiência (eles representam menos de 1% desse universo)
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 21 de agosto de 2019, edição nº 2648.
“Você tem de ter uma atitude positiva e tirar o melhor da situação na qual se encontra.” A frase do físico britânico Stephen Hawking — morto em 2018 após 55 anos de convívio com a esclerose lateral amiotrófica (ELA), doença degenerativa incurável — tornou-se um ensinamento de vida para o publicitário e professor Danillo Casanova, 36. Desde 2013 ele sofre de uma doença semelhante e também irreversível, a esclerose múltipla, que debilita os nervos. Mas decidiu ir contra as estatísticas e prosseguir no mercado de trabalho, apesar das inúmeras dificuldades: da expressão de piedade — e às vezes até de repulsa — dos gestores das empresas na hora da entrevista à locomoção pela cidade. Hoje, possui um cargo estratégico em uma multinacional e viu seu salário triplicar nos últimos oito anos.
Danillo é um caso raro. Os dados estampam uma situação triste enfrentada pelos 810 000 moradores da capital que têm limitações graves (cegos, paraplégicos, tetraplégicos e com distúrbios mentais avançados). De acordo com a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, cerca de 70% teriam condições de arrumar um emprego, mas só 42 800 contam com carteira assinada, 120 200 estão desempregados e o restante vive na informalidade. O artigo 93 da Lei Federal nº 8213, a conhecida Lei das Cotas, obriga empresas com 100 ou mais funcionários a reservar de 2% a 5% de seu quadro a esse público. As companhias declaram disponibilizar 37% das vagas de liderança — de gerentes e diretores — para pessoas com deficiências físicas (PcDs), segundo pesquisa da Rede Empresarial de Inclusão Social. “Mas na prática menos de 1% ocupa esses cargos”, constata Ivone Santana, secretária executiva do órgão. Os recrutadores dão a desculpa de que muitos não são preparados e citam o censo da educação superior de 2016, que mostra os PcDs com uma fatia de apenas 0,45% do total de matrículas. “Mas não é bem assim, pois quase 70% do meu banco de 200 000 nomes tem pelo menos ensino superior completo”, diz Andrea Schwarz, CEO da iigual, uma espécie de agência de empregos especializada em inclusão.
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 21 de agosto de 2019, edição nº 2648.
Fonte: https://vejasp.abril.com.br/cidades/capa-lideres-deficiencia/
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